Coletivo fez alerta sobre os riscos que o golpe trariam aos muçulmanos no Brasil

Irmão muçulmano, irmã muçulmana:
Este golpe é contra você, é contra nossa religião!

Em março deste ano, um grupo de muçulmanos e muçulmanas decidiu se posicionar contra o golpe de Estado que estava em pleno curso no Brasil. Estes irmãos organizaram-se em um Coletivo, produziram um documento que contou com cento e vinte assinaturas de pessoas oriundas de 19 estados e 48 municípios. Hoje, o grupo onde os debates e ações são organizados conta com mais de 450 membros.

Desde o primeiro momento, deixamos evidente que NÃO TEMOS A PRETENSÃO DE REPRESENTAR O CONJUNTO DA COMUNIDADE MUÇULMANA, mas de organizar aqueles que pensam da mesma forma sobre a conjuntura política do Brasil.

Também desde o início, afirmamos que o objetivo do Coletivo era lutar contra a onda fascista que cresce a cada momento no país, que visa impor o pensamento ideológico único, a religião única e o banimento de todas as organizações políticas, religiosas e sociais que ousem pensar diferente.

JAMAIS dissemos que o objetivo era defender exclusivamente qualquer partido político ou autoridade pública, apesar de considerarmos um verdadeiro golpe o afastamento da presidenta Dilma Rousseff sem que ela tenha cometido crime de responsabilidade.

Muitos não compreenderam e atacaram a iniciativa ou trabalharam para boicotá-la.

Hoje, apenas quatro meses depois, muito do que dissemos naquele documento já se concretizou. Os ataques aos direitos dos trabalhadores e dos mais pobres é evidente. A crise econômica só se agravou desde então e a maioria das empresas passa por dificuldades. E o mais importante para nós: o inevitável acirramento da intolerância religiosa e a perseguição ao Islam e aos muçulmanos começam a dar sinais ameaçadores, que se concretizarão, caso não nos mobilizemos política e juridicamente.

Este golpe é contra o Islam, também!

Estamos sob um governo ilegítimo, golpista, comandado pelas grandes corporações multinacionais, gestado no ventre do sionismo, com claro viés fascista e amparado na base social que dá sustentação política à chamada bancada parlamentar BBB – Bíblia, Bala e Boi.

A formação do governo já evidenciou seu embrião sionista. Os ministros da Defesa e do Gabinete de Segurança Institucional são sionistas de nome e sobrenome. O das Relações Exteriores, de carteirinha! E o presidente do Banco Central, reconhecido como agente do Mossad, nasceu no território da Palestina ocupada.

Ou seja, toda a segurança nacional e as relações internacionais estão entregues aos sionistas, assim como o Banco Central do Brasil! Uma raposa tomando conta do galinheiro, para agir ao bel prazer dos rentistas, que enriquecem com as altas taxas de juros, praticando o pecado da usura, às custas dos trabalhadores e dos empresários que investem na produção e no comércio.

Os ataques já começaram!

Na primeira semana de governo golpista, o chanceler sionista retirou o apoio do Brasil ao direito de herança cultural dos palestinos em sua própria terra invadida. Semanas depois, retirou o apoio do país, na ONU, à criação de um Estado Palestino independente. Mais alguns dias e rompeu o acordo com a União Europeia sobre o acolhimento de refugiados.

No plano nacional, membros da chamada “bancada da Bíblia” passaram a circular coletas de assinaturas para a elaboração de Projetos de Lei de Iniciativa Popular para o BANIMENTO DO ISLAMISMO NO BRASIL! Além disso, projetos “engavetados” através de acordos parlamentares, voltam à tona no Congresso, à princípio como ameaça, mas sob forte possibilidade de aprovação, como a PROIBIÇÃO DO USO DO HIJAB e a PROIBIÇÃO DE CONSTRUÇÃO DE MINARETES. Segundo os fascistas, isso impediria a “islamização” do Brasil.

Agora, no dia 4 de julho, em audiência direcionada a Oficiais Superiores e alunos do curso de Altos Estudos Militares da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados realizou palestra promovida por um agente do Mossad sobre a Lei Antiterrorismo. Entre imprecisões, mentiras e pregação da intolerância, este agente insinuou e acusou os muçulmanos de organizarem grupos terroristas no Brasil. Citou a Mesquita Brasil como responsável por publicações “extremistas” nas redes sociais e expôs a risco nossos irmãos da Mesquita Sumayya, de Embu das Artes, ao publicar fotos de eventos que, segundo ele, seriam manifestações pró-terrorismo ou até da “ocupação islâmica” da Favela da Maré, no Rio de Janeiro.

Medidas urgentes precisam ser tomadas!

Diante desse quadro, que tende a se agravar, precisamos tomar medidas urgentes. As entidades não podem permanecer na inércia diante de evidências tão graves! Os muçulmanos em geral não podem continuar assistindo passivamente o nosso direito à liberdade religiosa escorrer pelos dedos! Aqueles que, equivocadamente, defenderam o golpe, apoiaram fascistas e sionistas, devem fazer autocrítica e contribuir com a unidade dos muçulmanos contra estes ataques!

Nós, do Coletivo de Muçulmanas e Muçulmanos Contra o Golpe, conclamamos a todos que queiram somar esforços neste momento tão difícil de nossa história para que possamos manifestar publicamente nosso apoio aos irmãos das Mesquitas Sumayya e Brasil, repudiar a intolerância e as tentativas de cerceamento da liberdade religiosa e todas as medidas legais para que se faça Justiça contra estes ataques.

Brasil, 10 de julho de 2016.